Sentir que o mundo se desmorona é normal se acabas de receber um diagnóstico de Câncer de mama metastático. Conheça como reage sua mente diante da crise e o que pode fazer nesse momento.

“Quando me disseram que tinha metástases, me senti impotente de seguir adiante. Não acreditava em mim e repetia para minha psicóloga: não sou capaz. Era algo que me sufocava, não parava de chorar, me senti sem liberdade como se estivesse presa e não tinha saída.” Pilar, Colômbia câncer de mama metastático com progressão óssea.

Receber o diagnóstico de câncer de mama é brutal, desata uma crise e adaptar-se às mudanças e duvidas que surgem não é fácil. Diante da dificuldade nossa mente tem formas automáticas de responder ao perigo, conhecê-las te ajudará a enfrentar melhor o diagnóstico e fortalecer emocionalmente passo a passo.

A crise quebra o equilíbrio

Os seres humanos necessitam estabilidade na vida, sentir que temos o controle para sermos felizes. Um diagnóstico como o câncer de mama metastático rompe a sensação de controle e estabilidade gerando uma crise.
Essa crise expõe quem somos, nossas carências e forças, por isso nos sentimos impotentes e o mundo cai ao nosso redor. A intensidade da crise dependerá da percepção que nós dermos à situação, por isso é importante entender as reações automáticas para não complica-las.

Nossas mentes diante da crise

Diante de uma crise nossas reações automáticas geram 4 situações:

1) Reação física
“O cérebro entra no mood de sobrevivência quando o corpo se prepara para responder diante de uma ameaça liberando adrenalina e cortisol que aumenta a pressão cardíaca e nos mantém alerta. Essa reação é breve e automática e conhecida como “fight or flight” – pelear ou escapar -. Uma vez passada a ameaça o corpo recupera o equilíbrio.

Tenha em conta: Você pode aumentar essa resposta se reviver constantemente em sua mente cada passo difícil da doença. O corpo reage fisicamente e libera os hormônios que te manterão em alerta e farão que se sinta angustiada o que gera mais estresse e pensamentos negativos.

2) Inclinação a fugir
Os humanos evitam o desgosto, isto é, não gostamos de sofrer, por isso as crises nos espoem tanto. Bill O`Hanlon autor do livro : “Crescer a partir das crises” assinala que os principais comportamentos para fugir da realidade são: comer mais que necessário, usar drogas, dormir mais que o necessário e ter pensamentos simples como “ Nunca poderei superar isso”, “Jamais serei feliz”.

Leve em conta: Definitivamente terás que dar-se tempo para distrair-se e não pensar na doença todo o tempo, mas não devem ser os comportamentos que predominem, porque com o tempo te provocarão mais momentos difíceis e agravará a crise.

3) A autoestima é afetada
Diante de uma crise a autoestima é das primeiras áreas que sofre, já que a dor que se experimenta nos pode fazer duvidar das nossas habilidades e capacidades: “Não poderei resolvê-lo”, “Eu tive a culpa por não cuidar-me”.

Leve em conta: É normal que se sinta vulnerável e triste mas não permita que a negatividade te domine e comece a vitimar-se.

4) Surgem perguntas transcendentais
A crise nos leva a questionarmo-nos o que em outros tempos não nos atreveríamos a confrontar, surgem perguntas como, Que vou fazer agora que minha vida tem que mudar?, conseguirei realizar o que planejei?, é isso o que eu quero?, vale a pena seguir com esse comportamento?

Leve em conta: Uma chave para sair fortalecida da crise é que a principal pergunta que se faça seja, Para que a mim? E não, porque a mim? A primeira te leva a buscar alternativas de solução e mudança, a segunda te vitima.

Sair fortalecida de uma crise é um processo, primeiro é assimilar a situação e depois quando a dor emocional diminuir poderás concretamente enfrentar melhor a situação.
Falaremos desses passos na segunda parte deste artigo.

Fontes:

Fernando Figueroa, Médico Psicanalista, Coordenador de Investigação Cientifica e Atenção de Reintegração Social A.C. México.
Bill O`Hanlon, Crescer a partir da crise, Editora Paidós

Gloria Aguiar Green Supere a adversidade e reconstrua sua vida, Revista Fernanda #129. Outubro 2014

Realizado por: Gloria Aguiar Green para Fundación Cima

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